Preconceito racial

Preconceito racial, que também pode ser chamado de preconceito de raça ou racismo, é o tipo de pensamento que defende que os indivíduos humanos possuem características cognitivas ou de comportamento correspondentes ao grupo racial ou étnico a que pertencem e que determinados grupos raciais ou étnicos são inferiores.

significado de preconceito racial

O significado de preconceito racial está, portanto, ligado à ideia de raça. Cabe lembrar ainda que, segundo o consenso entre geneticistas e antropólogos, raças humanas não existem como unidades biológicas.

Além de entender o que é preconceito racial, deve-se entender, também, as possíveis consequências dele. O preconceito racial pode, por exemplo, levar ao surgimento de ideologias que defendam que os direitos e privilégios em uma sociedade sejam distribuídos de acordo com a categoria racial a que as pessoas pertencem. Um exemplo disso foi o sistema do Apartheid, na África do Sul, que conferia aos brancos sul-africanos direitos que eram negados aos membros de outros grupos, como negros, mestiços e descendentes de chineses.

Longe de ser uma invenção moderna, o racismo vem acompanhado a humanidade há séculos e sendo praticado em diferentes partes do mundo. Não é, portanto, um fenômeno só brasileiro. O etnocentrismo praticado por culturas antigas que viam como inferiores as outras culturas pode ser considerado um precursor do racismo.

Agora que foi explicado o que significa preconceito racial, pode-se explicar o conceito de preconceito não intencional, que é a disseminação de um estereótipo ligado à ideia de raça mesmo que não haja intenção de discriminar. Isso acontece quando os gostos ou habilidades de um indivíduo são atribuídos exclusivamente ao seu pertencimento a determinado grupo racial ou étnico.

História do preconceito racial no Brasil

Agora que foi explicado sobre o que é esse fenômeno e quais as possíveis consequências dele, pode-se tratar de um caso específico: a história do racismo no Brasil.

Os nativos que habitavam o território brasileiro quando os colonizadores europeus chegaram a partir do começo do século XVI foram vítimas de preconceito racial, podendo inclusive ser submetidos à escravidão pelos colonizadores.

Os colonizadores portugueses consideravam os índios inadequados para a realização de algumas das tarefas braçais necessárias ao funcionamento de empreendimentos coloniais como os engenhos de açúcar. Passaram a ser trazidos para o Brasil escravos de origem africana, que eram considerados mais fortes do que os nativos das terras brasileiras.


A chegada dos escravos negros, propriedade dos colonizadores, dividiu a sociedade brasileira em brancos livre e negros escravizados e destituídos de direitos. Então, formou-se uma situação em que os negros eram submetidos ao preconceito racial no Brasil. Entre as restrições impostas aos negros estava a proibição de frequência a certos ambientes, permitida apenas a quem pudesse provar possuir a chamada pureza de raça, ou seja, ser 100% branco.

A Abolição da Escravidão no Brasil aconteceu em 13 de maio de 1888. Infelizmente, a libertação dos escravos não foi acompanhada de medidas que facilitassem aos ex-escravos a participação em condições de igualdade na sociedade livre. Em vez disso, muitos dos escravos que haviam sido libertados viram-se sem ter onde viver ou como se sustentar. Em muitos casos, isso fez com que permanecessem trabalhando para seus antigos donos em troca de comida e de habitação.

Outros ex-escravos deslocaram-se para os subúrbios das cidades, dando origem aos espaços chamados de bairros africanos, que podem ser vistos como precursores das favelas contemporâneas. Esses indivíduos não tinham acesso às mesmas condições de vida e às mesmas oportunidades que os moradores das áreas mais centrais das cidades. Ainda hoje, a maioria dos habitantes das favelas brasileiras, espaços precariamente atendidos pelo poder público, é formada por negros e descendentes dos ex-escravos.

Entre as heranças do período da escravidão, pode ser mencionada a menor renda média da população negra brasileira comparada com a branca e indicadores sociais menos satisfatórios.

A manutenção da população negra em posição subordinada também colaborou para a preservação do preconceito racial contra os negros, a qual se estende a hábitos ou atividades de origem na cultura negra, o que pode atingir, inclusive, pessoas brancas que praticam essas atividades. Isso mostra que, embora, no Brasil, os negros sejam as vítimas mais comuns de preconceito racial, ele também é sofrido por outras etnias.

Apropriação cultural

Feito resumo da ideia de preconceito racial, pode-se discutir alguns aspectos mais específicos e sutis da questão, como o aspecto da apropriação cultural. A expressão apropriação cultural é usada para descrever a adoção de elementos típicos de uma cultura por indivíduos pertencentes a outra cultura (por exemplo, elementos de vestuário, de culinária, linguísticos etc.), especialmente por membros da cultura dominante no contexto.

Um exemplo de polêmica em torno do conceito de apropriação cultural aconteceu em Curitiba, capital do estado do Paraná, onde, em 2017, uma jovem branca foi repreendida por uma mulher negra por estar usando um turbante.

Outro exemplo de polêmica do tipo aconteceu no Carnaval de 2020, quando a atriz Alessandra Negrini, musa de um tradicional bloco de rua da capital paulista, foi criticada por ter desfilado com adereços típicos da cultura indígena. Pessoas reagiram nas redes sociais dizendo que índio não é fantasia ou acusando a atriz de ter praticado apropriação cultural.

Segundo Negrini, porém, seu objetivo era chamar atenção para a luta dos indígenas, uma luta que, segundo ela, é de todo mundo e central para o Brasil. Ela foi apoiada por alguns ativistas da causa indígena, como, por exemplo, Sonia Guajajara, coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Alguns ativistas fizeram uma distinção entre o comportamento da atriz e o comportamento das pessoas que se vestem como índios para zombar da cultura indígena ou por puro exotismo.

Racismo institucional

Foi explicado acima o que é preconceito racial de modo geral, mas o que é racismo institucional? A expressão racismo institucional, atribuída aos ativistas da luta por direitos civis Stokely Carmichael e Charles Vernon Hamilton, tem significados relativos ao preconceito que se manifesta no âmbito de instituições como empresas, órgãos governamentais, universidades entre outros, especialmente quando essas instituições deliberadamente deixam de prestar serviços adequados a alguém por causa da cor dela ou devido a sua etnia ou sua cultura.

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