Colonização

Colonização é um substantivo feminino. O termo se origina de “colônia”, proveniente do Latim colonia, que quer dizer “terra com gente instalada, granja”, de colonus que é “pessoa instalada em uma nova terra”, do verbo colere, que significa “habitar, cultivar, guardar, respeitar”.

significado de colonização

O significado de colonização indica a ação e o efeito de colonizar, isto é, estabelecer uma colônia, fixar em um terreno a morada daqueles que o cultivaram.

Em geral, o termo “colonização” aparece em vários âmbitos, com o intuito de indicar uma ocupação ou povoação de espaços (colonizados) por parte de grupos (colonizadores), tanto de seres humanos quanto de outras espécies.

Abordando-se o contexto dos seres humanos, a colonização se conceitua como o processo de assentamento em uma zona inabitada, ou seja, há a ocupação de novos territórios pelo mundo, onde a habitação ou a exploração de recursos.

Dessa forma, usa-se o conceito de colonização como uma justificativa de apoio à ocupação de um território “aparentemente” virgem, o que implica em ignorar qualquer anterior ocupação por outros grupos (indígenas ou nativos).

O período de colonização na Idade Moderna se deu início no final do século XIV por conta do crescimento econômico dos países asiáticos e europeus. A partir disso, as colonizações são lembradas pelo uso excessivo de violência e da dominação dos povos nativos daquelas terras.

A colonização europeia, que abraçou grande parte do globo, tinha como característica (e motivação) a busca por mercadorias para realizar a comercialização e por metais preciosos.

O mercantilismo era o modelo econômico predominante no período, onde ocorriam trocas comerciais e o acúmulo de ouro e prata.


Na Europa, pode-se destacar como as principais nações colonizadoras: Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Holanda, que começou no século XV e se estendeu até o século XIX.

A exploração dos territórios, como na colonização do continente americano, não serviu apenas como um modo de expandir a cultura e aumentar o poderio das nações. Esse processo também ocasionou mortes e genocídios de várias civilizações que ocupavam, muito tempo antes, tais terras.

O povoamento desses territórios foi objetivado não apenas para ocupação e proteção, mas também como uma forma de substituição e deslocamento de inúmeras pessoas de seu país de origem (como foi o caso dos africanos trazidos da África para se tornarem escravos nas Américas).

Embora repleto de pontos negativos, a colonização e seu eventual deslocamento de pessoas – de culturas e etnias diferentes – favoreceu a miscigenação e o surgimento de novas culturas.

A Colonização do Brasil

A colonização do território brasileiro se deu por parte dos portugueses, desde o ano de 1530 até 1822.

Embora os portugueses tenham chegado em território brasileiro em 1500, a colonização em si se deu início apenas 30 anos depois.

Durante estes 30 anos, as expedições que foram enviadas pelos portugueses ao Brasil tinham como intuito apenas fazer o reconhecimento do território, onde ficavam alguns meses para depois retornarem a Portugal.

Por conta disso, nesse período, certas feitorias foram construídas para exercer a exploração do pau-brasil, árvore originária do Brasil.

A primeira expedição de colonização enviada pelos portugueses ao território brasileiro ocorreu em 1531, pois certas preocupações estavam incomodando o país europeu, como:

  • Queda no lucro do comércio no Oriente: com a tomada de Constantinopla, o povo turco dominou o comércio no Oriente e passou a cobrar impostos bem caros, o que fez com que o comércio ficasse pouco rentável para Portugal.

Com isso, o país se viu forçado a buscar novas oportunidades de comércio.

  • Ameaça de invasores: havia a ameaça de invasão por parte da Inglaterra e da França nos territórios do novo mundo após ambos os países rejeitarem o Tratado de Tordesilhas, que dividiu o continente americano entre Portugal e Espanha.
  • Expansão da Igreja Católica: a Igreja Católica perdeu forças graças ao surgimento de vertentes protestantes do cristianismo na Europa e acabou encontrando no Brasil uma excelente oportunidade para expandir sua crença.

Isso ocorreu rapidamente, em especial com a catequização dos índios através dos jesuítas.

Na chegada dos portugueses ao território brasileiro, eles se depararam com os povos indígenas, mas grande parte desse povo nativo acabou sendo morto em conflitos com colonizadores ou mesmo pelas doenças trazidas pelos europeus.

A colonização portuguesa foi bastante marcada pelo uso da violência e do trabalho escravo, afinal muitos dos indígenas que sobreviveram eram usados como mão de obra escrava, que alguns anos mais tarde sofreria ampliação com os negros trazidos da África.

Na realidade, a chegada dos portugueses na região foi nomeada como o “descobrimento do Brasil”, entretanto essa expressão desmerece e desconsidera os povos que já habitavam o território há muitos séculos.

Os povoados que foram primeiramente fundados pelos portugueses eram chamados de Vilas de São Vicente e Piratininga, no litoral paulista. Em tais vilas, as primeiras experiências de plantio e cultivo de cana-de-açúcar foram realizadas.

Nos engenhos de açúcar, os indígenas e os negros foram usados como mão de obra escrava. O ciclo do açúcar, como foi chamado, foi o período em que houve exploração da cana-de-açúcar a partir de 1530 até metade do século XVIII.

Organização política do período colonial

A primeira tentativa de organização do território brasileiro se deu através das Capitanias Hereditárias, mas não obteve-se o sucesso desejado. A partir disso, criou-se o que foi chamado de Governo-Geral.

As Capitanias Hereditárias foram implementadas em 1934, sendo caracterizadas como extensas faixas de terra dadas a nobres portugueses pelo então rei de Portugal Dom João III. Um donatário era quem recebia uma capitania, e tinha poderes de vida e morte sobre ela. Porém, teria que arcar totalmente com os custos de sua colonização.

Existiam 15 capitanias, cedidas para 12 donatários – isso significa que alguns receberam mais de uma porção de terra do que outros. Os donatários possuíam direitos e vantagens sobre a exploração daquele território, mas possuíam também obrigações para com a metrópole.

O sistema chegou ao seu fracasso por conta da falta de recursos das capitanias, além dos ataques dos indígenas contra estas terras.

Em 1548, o Governo-Geral foi criado como outra alternativa de organização política e administrativa.

Essa organização centralizada era comandada por um governador, que era indicado pelo rei. O governador tinha certas responsabilidades, tais como a proteção das terras e o desenvolvimento econômico da colônia.

Durante o período, novos cargos políticos foram criados com responsabilidades diferentes:

  • Ouvidor-mor: ação na justiça e nas leis,
  • Provedor-mor: foco na arrecadação e nas finanças,
  • Capitão-mor: tarefa de defender o território contra ataques dos índios ou invasores.

O primeiro governador do Governo-Geral foi Tomé de Souza, que foi o responsável por construir a cidade de Salvador, tornando-a capital do Brasil.

Depois, os próximos governadores do Brasil foram Duarte da Costa e Mem de Sá.

Após a morte de Mem de Sá, o Brasil acabou sendo dividido entre o Governo do Norte, onde a capital era Salvador, e o Governo do Sul, com a capital no Rio de Janeiro.

O Governo-Geral durou até 1808, pois a partir daí houve a chegada da família real portuguesa ao território brasileiro.

Com essa chegada, um novo ponto na história do Brasil se deu início – toda essa transferência da corte portuguesa faria com que a proclamação da independência fosse realizada em 1822, dando fim também ao período colonial.

Colonização espanhola

A colonização espanhola começa com a chegada de Cristóvão Colombo, feita em 12 de outubro de 1492, em uma ilha localizada na região das Bahamas.

Nesse caso, sabe-se que as ilhas do Caribe foram as primeiras ocupações espanholas, sendo que grande parte dos nativos daquela região foram exterminados tanto pelas doenças trazidas pelos europeus quanto pela violência.

A colonização espanhola, posteriormente, partiu para as áreas continentais das Américas, garantindo domínio de um extenso espaço que hoje vai do território da Califórnia até a Patagônia (parte oeste do Tratado de Tordesilhas).

Os espanhóis, da mesma maneira que os colonizadores portugueses, visavam a obtenção de metais preciosos, bem como a exploração de produtos tropicais a fim de comercializá-los, usando trabalho escravo para tal propósito.

Obviamente, a maior parte da mão de obra escrava presente nas colônias espanholas era indígena, povo este subjugado pela catequização.

Os negros oriundos da África não foram muito utilizados pelos espanhóis, excetuando-se nas ilhas do Caribe e em regiões do Peru, Venezuela e Colômbia.

A sociedade espanhola tinha uma divisão hierárquica:

  • Chapetones: eram os espanhóis que atuavam em altas funções na administração;
  • Criollos: eram os filhos de espanhóis que nasceram na América e que trabalhavam, geralmente, na grande agricultura e no comércio;
  • Mestiços, índios e escravos: eram a base da sociedade, ou seja, eram aqueles que realizavam as funções consideradas marginalizadas, além dos trabalhos compulsório em que eram submetidos.

Características da colonização espanhola

  • Política:

Politicamente falando, o território que foi dominado pelos espanhóis foi separado em três Vice-reinos, todos subordinados à Coroa espanhola:

  • Vice-reino de Nova Espanha,
  • Vice-reinado da Índia,
  • Vice-reinado do Peru.

Outros Vice-reinados foram criados a partir do século XVIII: Vice-reino de Nova Granada, Vice-reino do Peru e Vice-reino do Rio da Prata.

Além disso, quatro capitanias gerais também foram criadas – Cuba, Guatemala, Chile e Venezuela.

Na administração do extenso território espanhol, houve a criação de instituições para que fossem nomeados vice-reis, assim havia alguém que criaria leis, fiscalizaria atividades e recolheria impostos. Ainda, Tribunais de Justiça foram estabelecidos.

Já as missões eram responsáveis pela catequização do povo indígena.

  • Economia:

Na economia das colônias espanholas, a principal atividade era a mineração. E claro: os índios realizavam o trabalho compulsório, separado de duas maneiras:

  • Encomienda: o índio recebia a evangelização em troca de trabalho, alimento e proteção;
  • Mita: regime de trabalho temporário, realizado geralmente em minas e que se caracterizava pelas péssimas condições.

Por forma de sorteio, os índios eram escolhidos para realizar tal serviço. Uma quantidade pequena deles apenas conseguia retornar para casa, pois a maioria falecia durante o curto período de exploração, afinal era extremamente insalubre.

Colonização inglesa

Os ingleses foram responsáveis por colonizar as 13 colônias na América do Norte – espaço que se tornaria os Estados Unidos da América.

Ao contrário das colonizações portuguesa e espanhola, a colonização inglesa foi realizada principalmente através da iniciativa privada e não por meio do Estado.

A Inglaterra fazia o envio de “elementos indesejados” da população para a América do Norte, como era o caso de desempregados, criminosos, órfãos e até camponeses endividados.

Não havia muito controle sobre tais colônias, pois a metrópole passava por problemas internos, marcados por disputas políticas e religiosas.

Na vida em sociedade dentro de uma colônia inglesa, havia uma característica marcante: a segregação entre brancos, índios e negros. Em outras colônias nas Américas também ocorreram casos de segregação e racismo, mas na situação dos ingleses a relação entre tais povos era realmente muito mais distante.

Era raro encontrar alguma união entre os povos nativos e os ingleses, ainda mais entre os brancos e negros da época – era algo quase inexistente.

Sem contar que, durante o período colonial, muitos indígenas foram exterminados.

Características da colonização inglesa

  • Política:

O processo de colonização da América do Norte começou a partir de 1606, quando a coroa inglesa concedeu os territórios das 13 colônias para duas empresas: Companhia de Londres e Companhia Plymouth, que dominaram os territórios do norte e as colônias do sul, respectivamente.

Ambas as empresas possuíam autonomia na exploração do território, porém precisavam se subordinar ao Estado Inglês.

Cada uma das colônias vivia sob a ideia do autogoverno (do inglês self-government), gozando de autonomia política.

  • Economia:

Na economia, as atividades desenvolvidas eram muito diferentes quando comparadas entre os territórios do norte e do sul.

Os territórios do norte aproveitavam de um clima mais temperado, por isso era mais frequente o uso de mão de obra servil para produção ao mercado interno, com o desenvolvimento do comércio e da manufatura.

Além disso, as colônias do norte realizavam um comércio intenso com as colônias espanholas localizadas no Caribe e na África, sendo comum, nesse período, a troca de pessoas escravizadas por tabaco e rum.

Já os territórios do sul tinham um clima subtropical, destacando-se com a monocultura como principal atividade econômica. Nessas colônias, a relação de trabalho era quase toda escrava.

Colonização francesa

Nas Américas, a colonização francesa também chegou com sucesso a partir do século XVII, mais ou menos dois séculos depois do início da colonização feita pelos países ibéricos.

A França já havia feito algumas tentativas (todas frustradas) de invadir os territórios de colonização ibérica anteriormente.

Destacaram-se como principais colônias francesas na América: Nova França e Quebec (localizadas no atual Canadá), certas ilhas no Caribe, como o Haiti e a Guiana Francesa na América do Sul.

Características da colonização francesa

  • Política:

A França foi capaz de exercer grande controle sobre as colônias americanas, mas o país foi perdendo seus territórios ao longo dos séculos de colonização.

A primeira de suas perdas foi a conquista da colônia da Nova França, situada na América do Norte – passou a ficar sob controle dos ingleses e indígenas da região, no ano de 1763.

Depois, acabou perdendo outros territórios dentro da América do Norte e até na Ásia.

No Haiti, o Estado Francês sofreu com uma intensa revolução da população que era escravizada, o que gerou sua independência em 1804 e marcado na história como a única revolta escrava que foi bem-sucedida.

  • Economia:

Na colonização dos territórios das Américas, o objetivo maior era a exploração para a exportação de produtos tropicais, como era o caso da banana, do tabaco, do café, do rum e do açúcar.

Com exceção da Guiana Francesa – que tinha como principal atividade a pesca e a exploração de ouro –, todas as outras colônias eram exploradas para tais exportações.

Nos territórios que foram conquistados na América do Norte – localizados hoje como parte do Canadá –, o principal produto explorado pelo povo francês eram as peles de animais, em especial de castores e raposas.

As colônias da América do Norte faziam uso de mão de obra livre, enquanto que as ilhas no Caribe utilizavam mão de obra escrava.

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