Helenismo

Helenismo, também chamado de “Helenístico”, foi um período marcado pelo auge do alcance geográfico da influência da cultura grega, a qual também pode ser chamada de cultura helenística.

Para explicar o que é o helenismo, vale a pena estabelecer que período ele compreende. Costuma-se estabelecer que o período helenístico esteja compreendido entre a morte do imperador macedônio Alexandre, o Grande, também chamado de Alexandre Magno, no ano de 323 a.C., e a ascensão do Império Romano.

significado de helenismo

Entre os acontecimentos que costumam ser usados como marcos do fim do período helenístico estão a conclusão da conquista da Grécia pelos romanos em meados do século II a.C. e a conquista do Egito pelos romanos em 31 a.C.

O rei Filipe II havia conseguido colocar a Macedônia em uma posição hegemônica entre as cidades gregas. Com o seu assassinato, em 336 a.C., seu filho Alexandre tornou-se rei. Além de completar a dominação da Grécia pela Macedônia que seu pai iniciara, Alexandre, o Grande, expandiu enormemente seus domínios.

As conquistas de Alexandre levaram a cultura grega a várias partes do mundo, expandindo sua influência. A morte de Alexandre, que não deixara um herdeiro adulto, causou a divisão do seu extenso império em vários reinos controlados por seus principais oficiais. O período foi marcado pela imigração de gregos para os reinos sucessores do império de Alexandre.

Para citar mais um dos significados do termo helenismo, ele também pode se referir a uma palavra ou uma expressão própria da língua grega.

A palavra helenístico foi cunhada no século XIX pelo historiador alemão Johann Gustav Droysen para se referir ao período em que a cultura grega difundiu-se fora do mundo grego devido às conquistas de Alexandre.

Feita a explicação do significado de helenismo, pode-se passar a uma discussão do território dominado pelo helenismo.


Território dominado pelo Helenismo

As conquistas de Alexandre, o Grande, levaram a cultura helenística a áreas como a Pérsia, o Egito, a Ásia Menor, a Mesopotâmia, partes da Ásia Central e dos atuais Índia, Paquistão e Afeganistão, o norte do continente africano e o Leste Europeu.

Apesar da influência da cultura grega e do fato de a língua grega ter sido aplicada como idioma popular, o período foi marcado pela interação entre a cultura grega e as culturas e instituições das terras conquistadas. Por exemplo, a Dinastia Ptolemaica do Egito, que foi fundada por Ptolemeu I, um dos comandantes de tropas de Alexandre, adotou costumes egípcios como o casamento de irmão e irmã.

Expansão da cultura helenística

Agora que já sabemos sobre helenismo e seu período histórico, podemos falar sobre a expansão da cultura grega a que ele assistiu.

Entre os grandes centros da cultura helenística, podem ser mencionadas as cidades de Alexandria, no Egito, fundada por Alexandre, e a cidade de Antióquia, que foi fundada por Seleuco I Nicátor, um dos generais de Alexandre.

A cidade de Alexandria foi o lar da Biblioteca de Alexandria, uma das mais importantes e famosas bibliotecas da Antiguidade.

Entre as principais escolas filosóficas do helenismo, podem ser citados o estoicismo, a escola peripatética, o epicurismo, a escola pitagórica, o pirronismo e o cinismo.

O estoicismo foi fundado no século III a.C. por Zenão de Cítio. O estoicismo defendia que o objetivo da vida é viver em conformidade com a natureza, e pregava a necessidade de desenvolver o autocontrole.

A escola peripatérica era a escola dos filósofos que ensinavam e expandiam a filosofia de Aristóteles. Defendiam que a felicidade podia ser obtida através do comportamento virtuoso, o qual consistia na busca de um equilíbrio entre os extremos. Aristóteles, um dos mais importantes filósofos de todos tempos, ensinou a Alexandre, na juventude deste, sobre filosofia, arte e lógica entre outros assuntos.

O epicurismo foi fundado por Epicuro no século III a.C. Ele defendia a busca do prazer como sentido da vida, mas entendia que a ausência de sofrimento físico ou psíquico é o maior dos prazeres. Advogava uma vida simples e o cultivo da amizade.

O pirronismo era uma escola filosófica pertencente à vertente do ceticismo que se opunha a dogmas e defendia a dúvida e a investigação permanentes. Seu fundador foi Pirro de Élis, no século IV a.C.

Os cínicos eram filósofos ascéticos, cujas ideias exerceram grande influência sobre o surgimento da filosofia dos estoicos. Os cínicos defendiam que as pessoas vivessem vidas de virtude de acordo com a natureza. Rejeitavam a busca de bens como riqueza, poder e fama.

Muitas escolas filosóficas de destaque exerceram forte importância sobre elites e intelectuais mesmo depois do fim do período helenístico. Por exemplo, o estadista e escritor romano Sêneca, que viveu no primeiro século da era cristã, e o imperador romano Marco Aurélio, que viveu no século II d.C., eram estoicos.

A difusão do Cristianismo pelo mundo romano e, mais tarde, a ascensão do islã, levaram ao fim das escolas filosóficas do helenismo, embora elas ainda tenham exercido influência sobre pensadores do mundo medieval e da Renascença.

Fim do período helenístico

A expansão de Roma levou-a a conquistar áreas que haviam sido anteriormente conquistadas por Alexandre ou por seus sucessores.

Como citado acima quando se tratou de explicar o que foi o helenismo, entre os acontecimentos que costumam ser usados como marcos do fim do período helenístico estão a conclusão da conquista da Grécia pelos romanos em meados do século II a.C. e a conquista do Egito, então controlado pela Dinastia Ptolemaica, pelos romanos em 31 a.C.

Fim da Biblioteca de Alexandria

No final do período helenístico e após o término dele, a Biblioteca de Alexandria passou por dificuldades e, por fim, deixou de existir.

Um dos marcos do começo do declínio da Biblioteca de Alexandria foi o expurgo de intelectuais da cidade de Alexandria, muitos dos quais deixaram a cidade, criando centros de ensino ou ensinando em outras cidades. Esse expurgo foi ordenado por Ptolemeu VIII Fiscão.

No período final de seu domínio, a Dinastia Ptolemaica, confrontada por ameaças a seu poder, como a instabilidade social, passou a dar menor importância à Biblioteca do que costumava dar, passando a usar a posição de bibliotecário-chefe para recompensar apoiadores.

Acredita-se que um grande incêndio foi provocado acidentalmente pelas tropas do romano Júlio César, que estavam sitiadas na cidade de Alexandria durante a guerra civil romana entre os partidários de César e os de Pompeu. O fogo pode ter atingido parte significativa da Biblioteca de Alexandria e de seu acervo.

Durante o domínio romano do Egito, a falta de interesse e de financiamento debilitou a Biblioteca de Alexandria, a qual provavelmente deixou de existir no século III d.C. em consequência de acontecimentos como, por exemplo, o corte de financiamento ao Mouseion de Alexandria (instituição cultural da qual a Biblioteca fazia parte) como retaliação por parte do imperador Caracala à cidade de Alexandria pela resistência desta ao domínio romano.

Outro acontecimento desse período que pode ter sido responsável pelo fim da Biblioteca de Alexandria foi a destruição, em 272 d.C. da parte da cidade em que ela se localizava pelas forças do imperador romano Aureliano, que lutavam para retomar a cidade que estava sob o controle do Império de Palmira. É bem possível, porém, que o fim da Biblioteca de Alexandria tenha chegado de maneira gradual com as dificuldades que ela passou a enfrentar.

Uma história famosa sobre o fim da Biblioteca de Alexandria diz que ela foi incendiada em 640 d. C. de acordo com ordens dadas pelo califa Omar, o qual teria dito que ou as obras contidas na Biblioteca concordavam com o Corão (ou Alcorão), o livro sagrado do Islã, caso em que seriam inúteis e não precisavam ser preservadas, ou não concordavam, caso em que seriam nocivas e deveriam ser destruídas. Essa história encontra certo ceticismo entre os historiadores. Se verdadeira, talvez se refira a uma outra instituição cultural fundada depois do fim da Biblioteca de Alexandria.

Importância do Helenismo nas artes e nas ciências

O período helenístico teve grande importância para as artes e para as ciências. A arte do helenismo foi marcada por uma abordagem mais realista, retratando emoções (em vez das figuras serenas da arte grega do período clássico), retratando diferenças etárias, sociais e étnicas e muitas vezes dando ênfase ao erótico. Entre as obras mais famosas do período podem ser citadas as esculturas Vitória de Samotrácia e Vênus de Milo.

A arquitetura do período sofreu influência de elementos asiáticos, que a introdução da abóboda e do arco deixou mais óbvia. Os templos gregos construídos no período tendiam a ser maiores do que os do período clássico grego.

Pouco da literatura do helenismo chegou a nossos tempos. As tragédias desse período que sobreviveram fizeram-no apenas como fragmentos. A única comédia a chegar inteira a nossos dias é O Díscolo (ou O Misantropo), escrita por Menandro, autor que foi um dos primeiros representantes da comédia nova, que dava mais ênfase a temas do cotidiano e representava os sentimentos e ações das pessoas comuns.

Na poesia, podem ser citados como autores de destaque Calímaco, um erudito que produziu poemas épicos e hinos entre outros tipos de poesia, e Teócrito, que criou o gênero pastoril.

Para que entendamos o que significa helenismo na história da ciência, podemos citar alguns dos grandes nomes da ciência nesse período: por exemplo, o geômetra Euclides, o polímata Arquimedes de Siracusa, o matemático Eratóstenes de Cirene, que calculou a circunferência do nosso planeta, e o astrônomo Hiparco de Niceia.

O médico Herófilo foi o primeiro pesquisador a fazer de maneira sistemática dissecações de cadáveres humanos. As obras em que ele registrou suas descobertas não chegaram a nossos dias, mas foram amplamente citadas por Galeno, um importante médico que viveu no século II d.C.

O filósofo Teofrasto, sucessor de Aristóteles no Liceu, dedicou-se, entre outros assuntos, à classificação das plantas e foi um dos pioneiros da Botânica.

Como um exemplo das realizações do Helenismo, pode ser citada máquina de Anticítera, um dispositivo encontrado entre os artefatos de um naufrágio perto da ilha grega de Anticítera. Segundo pesquisadores, ele foi produzido entre o final do século II a.C. e o começo do século I a.C. Um tipo de computador analógico, o dispositivo usava engrenagens para representar as órbitas de astros como o Sol, a Lua e planetas do sistema solar para, de acordo com os conhecimentos astronômicos da época, tentar prever a posição dos astros e eclipses.