Setembro Amarelo

Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre o suicídio no Brasil que visa a chamar a atenção para esse fenômeno, incentivar sua discussão desmistificá-lo para ajudar a prevenir sua ocorrência.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, acontecem cerca de 800 mil suicídios por ano no mundo, aproximadamente um a cada 40 segundos. No ano de 2016, foram registrados 11.433 suicídios no Brasil, o que equivale a cerca de um suicídio a cada 45 minutos.

O suicídio pode acontecer em qualquer idade. Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2016, o suicídio foi a segunda causa mais comum de morte na faixa etária de 15 a 29 anos, e a décima oitava causa de mortes mais comum naquele ano, respondendo por 1,4% de todos os óbitos.

A campanha Setembro Amarelo é realizada desde 2015 no nono mês do ano, cujo dia 10 é observado desde 2003 o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, instituído pela Organização Mundial da Saúde. Liderada pela Associação Brasileira de Psiquiatria, peloo Conselho Federal de Medicina e pela ONG Centro de Valorização da Vida, a campanha tem contado com o apoio de organizações dos setores público e privado para dar visibilidade à questão do suicídio.

Uma das inspirações na história do Setembro Amarelo foi a morte do jovem americano Mike Emme, que se suicidou em 1994, aos 17 anos de idade. Tido como pessoa de personalidade carinhosa e interessado em mecânica, ele possuía um carro Mustang 68, o qual restaurou e pintou da cor amarelo. No funeral do rapaz, seus amigos disponibilizaram cartões e laços amarelos onde se lia “Se precisar, peça ajuda”. Por causa disso, um laço amarelo foi escolhido pelo programa que incentiva a busca de ajuda por pessoas que têm pensamentos suicidas.

No Brasil, o laço amarelo foi adotado como o símbolo do Setembro Amarelo. A campanha associa o amarelo, que tem a importância histórica mencionada acima, ao mês em que se observa o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio.

Entre as atividades realizadas durante a campanha Setembro Amarelo, estão caminhadas, distribuição de folhetos informativos, palestras e iluminação com luz amarela de monumentos e prédios conhecidos para atrair atenção à causa. Entre os monumentos e prédios que já foram utilizados com esse fim, estão o Palácio do Itamaraty, o Cristo Redentor, o Elevador Lacerda, o Congresso Nacional e o estádio Beira-Rio.

Como identificar alguém que precisa de ajuda

Muitos casos de suicídio estão relacionados a transtornos psicológicos, como o transtorno bipolar e a depressão. Algumas circunstâncias também pedem atenção especial, como fatores que podem levar indivíduos a comportamentos suicidas. Entre eles, podemos citar desemprego, problemas financeiros, morte de ente querido, fim de relacionamento, dependência de drogas, lícitas como o álcool ou ilícitas, e história de maus-tratos na infância.

Entre os sintomas de depressão, podem ser mencionados os seguintes: postagens sobre suicídio nas redes sociais, perda de interesse em atividades das quais gostava, tristeza prolongada, choro sem motivo aparente, sensação de ser inútil, mudanças nos padrões de sono e irritabilidade.


O que fazer para ajudar uma pessoa com depressão

O suicídio por depressão é relativamente comum. Além disso, essa condição pode causar grande dor psicológica à pessoa que sofre com ela.

A depressão é um transtorno psicológico que pode exigir a assistência de profissionais de saúde mental, como psicólogo ou psicoterapeuta. Por isso, pode ser uma boa ideia sugerir que o indivíduo com depressão busque esse tipo de ajuda. É importante também ter paciência e ser afetuoso com a pessoa deprimida, prestar atenção a ela, mostrar empatia e tentar entender seus sentimentos. Agir de forma acolhedora e manter-se à disposição também é importante. 

Estimule o indivíduo a fazer atividades que a interessem. Também se recomenda manter contato com ela, ligando, a visitando e juntando-se a ela em suas atividades.

Caso uma pessoa apresente comportamentos ou pensamentos suicidas, meios de suicídio devem ser tirados de seu alcance. Família e amigos devem ser comunicados o mais rápido possível. É importante manter a calma, agir de forma respeitosa e com empatia e tentar entender o que a pessoa sente. Pode ser útil explorar com a pessoa outras possibilidades para lidar com os problemas que a fazem pensar em suicídio.    

Entre os recursos de que uma pessoa com pensamentos suicidas pode se valer, estão profissionais de saúde, organizações como o Centro de Valorização da Vida (CVV), Unidades de Saúde da Família, urgências psiquiátricas, clínicas e consultórios psiquiátricos e Centros de Atenção Psicossocial.

No caso do CVV, o contato pode ser feito através do número de telefone 188, que é de acesso gratuito e atendido 24 horas por dia, todos os dias por profissionais treinados. O atendimento é feito de forma respeitosa e sigilosa.

No site do CVV, é possível, clicando nos ícones apropriados, conseguir informações para entrar em contato com através de e-mail ou chat. Também é possível encontrar endereço e horários de funcionamento de postos de atendimento do CVV para atendimento presencial (confira se o atendimento presencial não está suspenso devido à pandemia) ou contato por carta. 

O que não fazer para ajudar uma pessoa com depressão

Apoiar emocionalmente a pessoa deprimida é ótimo, tentar usurpar a função de profissionais de saúde mental, porém, não é, pois se trata de um papel especializado e para o qual a maior parte das pessoas, por mais boa vontade que tenham, não está preparada. É importante também não fazer pouco do sofrimento do indivíduo nem subestimar esse sofrimento.

Se uma pessoa apresenta pensamentos e comportamentos suicidas, isso não deve ser ignorado. Tampouco deve-se mostrar pânico ou choque. Não se deve subestimar a dor que levou a pessoa a esses pensamentos ou comportamentos nem se deve dar falsas garantias de que tudo vai ficar bem. Manter a situação em segredo não é recomendável porque pode fazer com que ela não receba a ajuda de que precisa para superar o problema.

Como mencionado acima, família e amigos devem ser alertados o mais rápido possível. Em momentos de crise de pensamentos suicidas, o indivíduo não deve ser deixado sozinho, para evitar que leve a cabo o suicídio.

Apesar do que algumas pessoas pensam, não é verdade que pessoas que falam em suicídio só querem chamar atenção e não cometerão o ato. O risco existe, e ameaças ou comentários de suicídio devem ser levados a sério. Tampouco é verdade que suicídio seja sempre impulsivo, repentino e aconteça sem aviso. É possível que o ato seja planejado por algum tempo e que palavras ou comportamentos do indivíduo forneçam sinais do que ela planeja.

Conclusão

Tendo em vista o risco disseminado do suicídio, não é possível ignorar a importância do Setembro Amarelo e outras iniciativas que tenham por objetivo esclarecer sobre o assunto e orientar sobre os sinais de risco nas pessoas. Prestar assistência a quem sofre de problemas como a depressão ou apresenta comportamentos ou pensamentos suicidas é fundamental.