Voto de cabresto

Voto de cabresto é uma expressão. Voto é um substantivo masculino e flexão do verbo “votar” (na 1ª pessoa do singular do Presente do Indicativo), cuja origem vem do Latim votus, que é particípio passado de vovere, que significa “prometer solenemente, dedicar, jurar”.

Cabresto é um substantivo masculino com etimologia incerta, embora se aponte para o Latim capistrum, que significa “mordaça ou freio”.

O significado de Voto de cabresto representa um método antigo de controle político impositivo, abusivo e arbitrário, que existiu durante o período chamado de Coronelismo, justamente o nome por ter sido imposto pelos coronéis.

significado de voto de cabresto

Voto de cabresto faz referência a um tipo de voto realizado sob o controle de alguém. É um conceito bem curioso, afinal ele representa uma democracia que está amordaçada e guiada como um animal de carga, levando-se em consideração a origem etimológica de suas palavras.

Durante o final do século XIX e início do século XX, o Brasil passou pela conhecida República Velha, momento marcado pela grande influência dos coronéis, ricos fazendeiros que trabalhavam como oligarcas locais nas localidades mais pobres do interior do país, especialmente no nordeste.

Naquela época, o voto não era secreto como nos dias de hoje, por isso os eleitores que estavam sob esta “jurisdição” dos coronéis passavam por constantes manipulações e ameaças para que eles votassem somente em candidatos que eram apontados pelos fazendeiros.

Como pessoa muito rica, o coronel fazia uso de seu poder econômico e militar para garantir a eleição daqueles que eram seus apadrinhados políticos.

A obrigação realizada por ele para que os eleitores votassem em determinado candidato muitas vezes remetia à violência física e até, em casos extremos, à morte.


O sistema eleitoral era frágil e com extrema facilidade de adulteração, com os eleitores entregando seu voto por meio de um pedaço de papel com o nome de seu candidato. Poderia ocorrer manipulação e alteração nos votos conforme os interesses das elites agrárias.

Mais curioso ainda era que o voto era escrito pelo próprio coronel, afinal grande parte dos eleitores não sabiam nem ler e nem escrever.

Essa influência dos coronéis no cenário político da República Velha com a prática do voto de cabresto perdurou por muito tempo, mas começou a perder força depois da Revolução de 1930, quando houve o combate ao Coronelismo por parte de Getúlio Vargas.

O sistema, conhecido também como “voto em aberto”, começou a ter ainda mais dificuldade de ser aplicado na realidade, principalmente com a aprovação do Código Eleitoral Brasileiro, em 1932, que tornou o voto secreto.

Mesmo com a extinção do voto de cabresto, o lado abusivo do sistema ainda pode ser encontrado em certas regiões do Brasil com o intuito de controlar o poder político da localidade.

Certas autoridades e líderes populares podem, de uma maneira “complexa”, utilizar a influência que possuem para alienar e manipular a população para que cada um vote nos candidatos que são do seu interesse.

Voto de cabresto e Curral eleitoral

A expressão “curral eleitoral” está intimamente associada com o voto de cabresto, pois é usada para identificar as áreas que eram organizadas de forma política pelos coronéis.

Ou seja, o curral eleitoral era onde os coronéis exerciam sua influência para controlar o poder político.

Estes, com seus currais eleitorais, faziam uso de muitas táticas de manipulação, que passavam de atitudes simples, como a compra de votos e na troca de favores, mas também chegava à morte e violência física em geral.

As eleições eram fraudadas com tanta tranquilidade por não existir qualquer mecanismo de segurança, que até ocorriam o uso de “votos fantasmas” ou mesmo por meio de documentos falsificados que davam permissão aos analfabetos a chance de votar.

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