Mito da caverna

Mito da caverna é uma expressão. Mito é um substantivo masculino e flexão do verbo mitar (na 1ª pessoa do singular do Presente do Indicativo), cuja origem vem do Grego mythós, que quer dizer “discurso, mensagem, palavra, assunto, lenda, invenção, relato imaginário”.

Caverna é um substantivo feminino, com origem no Latim cavus, que significa “vazio, com material retirado”.

O significado de Mito da caverna se refere a uma metáfora criada pelo filósofo grego Platão.

significado de mito da caverna

Também conhecido como Alegoria da Caverna (ou Parábola da Caverna), Platão – como um dos mais importantes pensadores de toda a história da Filosofia – procurou explicar a condição de desconhecimento dos seres humanos e o o ideal para se para alcançar a verdadeira “realidade”, tendo como base a razão antes dos sentidos.

Esta metáfora está presente na obra “A República” (discute essencialmente a teoria do conhecimento, da linguagem e educação como meio para construir um Estado ideal), em forma de diálogo.

Através do método dialético, Platão procura revelar a relação que se está estabelecida pelos conceitos de escuridão e ignorância, luz e conhecimento.

Atualmente, o Mito da Caverna continua sendo um dos textos filosóficos mais discutidos e conhecidos, pois tende a servir de base quando se procura explicar a definição do senso comum em contraposição ao que seria o conceito do senso crítico.

De acordo com o pensamento platônico, que recebeu muita influência dos próprios ensinamentos de Sócrates, o mundo sensível seria aquele em que é experimentado por meio dos sentidos, onde estaria a falsa percepção da realidade, enquanto que o mundo inteligível seria alcançado somente através de ideias, isto é, da razão.


O  verdadeiro mundo em si, conforme Platão, só seria atingido caso o indivíduo tivesse noção das coisas ao seu redor tomando como base o pensamento crítico e racional, deixando de lado o uso dos sentidos básicos.

Basicamente, portanto, o conhecimento da verdade mais profunda seria proporcionado apenas por meio do raciocínio.

O Mito da Caverna

Como comentado, o livro “A República” foi construído como uma espécie de diálogo.

Por isso, o trecho que apresenta o Mito da Caverna contém um diálogo entre Sócrates, como personagem principal, e Glauco, personagem que foi inspirado no irmão de Platão.

De acordo com a história criada por Platão, Sócrates propõe um exercício de imaginação com Glauco, onde fala para o jovem criar em sua mente uma situação que se passa no interior de uma caverna, onde prisioneiros foram mantidos desde o seu nascimento.

Além de serem prisioneiros, esse grupo de pessoas vivia com seus braços, pernas e pescoços presos através de correntes em uma parede, permitindo-os que eles somente pudessem ver a parede paralela à sua frente.

Atrás de tais prisioneiros, existia uma fogueira que acabava formando sombras quando outros indivíduos passavam com estatuetas e faziam gestos na fogueira com o intuito de projetar tais sombras.

Os prisioneiros, vendo tais imagens, acreditavam que toda a realidade eram aquelas sombras, afinal o mundo deles se resumia àquelas experiências.

Um dia, um dos indivíduo aprisionados nesta caverna conseguiu se desvencilhar das correntes. Além de descobrir que tais sombras eram projetadas e controladas por pessoas atrás da fogueira, o homem livre foi capaz de sair da caverna e deparou-se com uma realidade muito mais abrangente e complexa do que ele julgou existir.

O incômodo com a luz solar e a diversidade de cores que afetavam seus olhos fizeram com que o prisioneiro se sentisse assustado, querendo voltar para a caverna.

Entretanto, com o passar do tempo, ele começou a sentir admiração pelas descobertas e novidades que a totalidade do mundo oferecia.

O homem livre se viu em um dilema: de retornar à caverna e ser considerado um louco por seus companheiros ou continuar desbravando aquele novo mundo, afinal ele conseguiu aprender que o que ele julgava conhecer anteriormente era apenas um fruto enganoso de seus limitados sentidos.

Por amor, o homem pretende voltar à caverna para libertar seus irmãos de toda a ignorância e das correntes que os prendem. Porém, ao voltar, ele é taxado de louco, não sendo mais visto como alguém que compartilha com a realidade dos prisioneiros – a realidade das sombras.

Interpretação do Mito da Caverna

A intenção de Platão através do Mito da Caverna é simples, pois ela representa uma disposição de hierarquia para os graus de conhecimento:

  • Grau inferior, que faz referência ao conhecimento obtido pelos conhecimentos do corpo – que permite que o prisioneiro veja apenas as sombras,
  • Grau superior, que é o conhecimento racional, que pode ser obtido no exterior da caverna.

A caverna simboliza o mundo onde todos os seres humanos vivem.

As correntes representam a ignorância que prende os povos, o que pode significar tanto as crenças quanto as culturas, assim como outras informações de senso comum que tendem a ser absorvidas durante a vida.

Desse modo, as pessoas permanecem “presas” a ideias pré-estabelecidas e não optam por descobrir um sentido racional para certas coisas, o que mostra que elas não pensam nem refletem, contentando-se somente com as informações que são oferecidas por outros.

Aquele que consegue se “libertar das correntes” e pode vivenciar o mundo exterior é um indivíduo com capacidade de pensar além do comum, que critica e questiona sua realidade.

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