Geopolítica

A geopolítica consiste em uma área da ciência política que tem como objetivo compreender as estratégias usadas pelos países, analisando até que ponto a situação geográfica é capaz ou não de interferir nas ações políticas. Isso significa que esse estudo busca entender a importância do espaço geográfico (território) e interpretar o desenvolvimento dos países, analisando a relação entre esse espaço geográfico e o poder político, além de orientar a atuação governamental no cenário mundial.

Entre os objetos de estudo da geopolítica, é possível citar alguns dos seus pilares, que incluem a política interna, política econômica, recursos energéticos e naturais, poderio militar e tecnologia. Dessa forma, apesar do que muitas pessoas pensam sobre o que é geopolítica, ela não se baseia apenas nas relações internacionais, conflitos entre países e disputas territoriais.

geopolítica

O conceito de geopolítica começou a ser desenvolvido pelo continente europeu após a redefinição das fronteiras e a expansão das nações europeias, o que passou a ser chamado de imperialismo ou neocolonialismo. Uma das definições do termo geopolítica é feito com a seguinte explicação: Geo = Geografia (ramo científico que estuda os espaços físicos e como eles estão relacionados com as sociedades) e Política (ciência que estuda a organização, administração e como as nações ou Estados são dirigidos).

O termo geopolítica foi criado no começo do século XX pelo cientista sueco Rudolf Kjellén, que teve como base a obra “Politische Geographie” (Política Geográfica) do geógrafo alemão Friedch Ratzel. O geógrafo criou o determinismo geográfico e a Teoria do Espaço Vital. Nesse período, o cenário político era marcado pela unificação da Alemanha, enquanto a França, Rússia e Inglaterra já estavam consolidadas em sua expansão.

Na abordagem de Ratzel, as decisões estratégicas devem ser realizadas pelo Estado, que atua como um centralizador, o que legitimou os atos imperialistas da Alemanha, sendo esse preceito usado inclusive pelo nazismo. Dessa forma, Ratzel contribuiu para a criação de uma geografia alemã, defendendo as conquistas de territórios da Alemanha.

No final do século XIX, a criação de uma Geografia Francesa foi entregue ao geógrafo Paul Vidal de La Blache pelo Estado francês. La Blache criou a escola “possibilista”, que defendia a possibilidade de que há influências entre o ser humano e o meio natural. Isso quer dizer que, segundo Le Blache, o objetivo de uma nação não devia envolver apenas o espaço geográfico, pois também seria preciso incluir a influência da ação do homem e o tempo histórico.

A partir de então, as ideias relacionadas à geopolítica se espalharam, fazendo surgir diferentes escolas pelo mundo com o objetivo de explicar os conceitos do pensamento geográfico-político. Nos primórdios da cultura da humanidade são encontradas referências ao termo geopolítica nas obras de diversos pensados importantes, como Platão, Hipócrates, Heródoto, Aristóteles, Tucídedes, entre vários outros.

A evolução do conceito e da teoria sobre geopolítica ocorreu a partir do geógrafo alemão Carl Ritter, que foi um dos fundadores dos estudos geográficos da época moderna. Ritter enfatizou a importância de se utilizar todas as ciências para a compreensão da geografia, fato que que fez com que essa área de estudo passasse a incluir outros campos, ampliando assim os conhecimentos científicos e a importância desse estudo na atualidade.


Além da Geografia, essa área de conhecimento utiliza teorias e prática que envolvem Geologia, História e teoria Prática, englobando temas como Globalização, Nova Ordem Mundial e conflitos mundiais.

O conceito de geopolítica é interpretado por alguns como um conjunto de especulações que pode sofrer manipulação, dependendo dos interesses das nações. Além disso, há quem aponte que essa área de conhecimento não passa de um produto do militarismo, sendo usado como um instrumento de guerra. Apesar disso, há as pessoas que creem que esse ramo da ciência seja importante para melhor desenvolver as relações entre os países e a suas respectivas políticas internas.

Diferenças entre geopolítica e geografia política

Muitas vezes, geopolítica e a geografia política são confundidas. Apesar de apresentarem pontos semelhantes, esses dois estudos apresentam alguns pontos divergentes, que têm como motivo o contexto histórico. A seguir, será explicado os principais aspectos que diferenciam a geografia política da geopolítica, significado que nem sempre é muito bem esclarecido.

Geografia política

A geografia política clássica pode ser explicada como um conjunto de pensamentos políticos que possuem fortes laços com a Geografia. Com a reformulação da geografia política realizada pelo geógrafo alemão Friedrich Ratzel, surgiu um novo tipo de pensamento, que teve como destaque a importância da geografia para que pudessem ser explicados os fenômenos políticos e como eles são distribuídos em diversas escalas no espaço geográfico.

A geografia política busca, através do estudo da ciência geográfica, estabelecer a organização e distribuição espacial dos Estados. A semelhança entre os dois termos tem como base as estratégias militares.

Geopolítica

Apesar de a geopolítica clássica abordar principalmente aspectos como a relação entre Estado e território, poder e ambiente, estratégia e geografia, houve nas últimas décadas a inclusão de outros temas relacionados ao meio ambiente, disputas econômicas, conflitos ideológicos e culturais, inovações tecnológicas, transformações na demografia e aspectos da Globalização.

Além disso, as abordagens regionais da geopolítica atual levam em consideração a relação entre a geografia e o poder no plano nacional nas esferas municipal, estadual e federal. Por esse motivo, a disciplina de geopolítica nas escolas brasileiras estão inclusas nos temas sobre atualidades que, muitas vezes, não abordam temas tradicionais que correspondem à geopolítica clássica.

Geopolítica Brasileira

Em relação à geopolítica no Brasil, o seu surgimento ocorreu com a Primeira Guerra Mundial, quando houve o desejo de demonstrar ao governo como fazer com que o país se tornasse uma potência, já que possuiria os recursos naturais necessários para que isso fosse possível.

Entre os recursos estão inclusas as características geográficas que tornariam o Brasil um país autossustentável, o que engloba a grande extensão territorial brasileira, número elevado de pessoas (o que seria útil para impedir uma invasão externa pela possibilidade de um número maior de pessoas no exército), água doce em abundância para abastecimento e também de água salgada para ser usada para o transporte e na geração de energia.

Por conta dessa possibilidade de tornar o Brasil uma potência mundial, foram criados projetos para integrar o pais, como a ligação do norte ao sul e o leste ao oeste para evitar que grande parte do seu vasto território ficasse desocupado. Após atingir esse objetivo, o próximo passo seria uma projeção regional e em seguida até mesmo em contexto mundial.

Os objetivos da geopolítica no território brasileiro têm relação com a integração dos estados, considerando o crescimento urbanístico, características socioeconômicas, desenvolvimento sustentável e a inclusão do Brasil na economia internacional. Outros pontos importantes da Geopolítica brasileira estão relacionados aos biomas principais do país e o espaço agrário, sendo as áreas com maior influência incluem a região Amazônica, Atlântico Sul e Bacia do Prata.

Fascismo e geopolítica

A maneira de pensar a geopolítica na Alemanha (que ficou conhecida como geopolitik), procurava legitimar a política de expansão durante o Nazismo, além de buscar a conquista do Lebensruam, conceito que foi criado por Friedrich Ratzel que correspondia ao espaço vital.

Esse pensamento sugeria que é necessário um espaço vital de expansão para uma grande nação, que deveria ter um solo fértil e ser vasta para possibilitar o plantio. Na época, a localização desse espaço estaria sob o domínio da União Soviética, em uma região ao leste da Europa.

Como a geopolítica foi usada de forma estratégica pelos nazistas, essa ciência começou a ser encarada de maneira obscura, inclusive foi chamada de ciência maldita. Porém, mesmo com o fato de ter sido utilizada pelo Estado nazista e ser encarada como uma arma do fascismo, esse estudo não é aplicado apenas nesse sentido.

Isso porque os estudos sobre a geopolítica são usados para os Estados autoritários e também pelos democráticos, como no caso dos EUA que, seguindo o pensamento geopolítico, foi capaz de tornar-se uma potência mundial.

Geopolítica dos Estados Unidos

Durante os anos em que ocorreu a Guerra Fria, houve uma disputa por território entre as duas maiores potências daquela época, EUA e União Soviética. De acordo com os interesses e cada uma dessas nações, o panorama político acabou dividindo diferentes regiões no mundo, o que aconteceu principalmente no continente europeu.

A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) surgiu por parte dos EUA, incluindo, a princípio, países que faziam parte da Europa Ocidental. Em contrapartida, a União Soviética articulou uma aliança militar, constituindo o Pacto de Varsóvia, que incluía os países que estavam sob a sua influência política.

Após a retirada da União Soviética do cenário mundial, os EUA passaram a tomar decisões do seu próprio interesse com mais facilidade, como quando tomou partido sobre a invasão do Iraque no Kuwait, o que resultou na Guerra do Golfo.

Muitos estudos relacionados à geopolítica foram feitos nos EUA, buscando apontar como as decisões estratégicas do Estado são importantes para definir as normas. Após o término da Guerra Fria, a preocupação dos estudos geopolíticos passou a ter enfoque na redefinição de fronteiras entre países, combate ao terrorismo, questões relacionadas às migrações de refugiados, problemas socioambientais, entre outros.