Filosofia Medieval

Filosofia medieval é a filosofia que foi desenvolvida no período da Idade Média. Embora haja discussões sobre os limites cronológicos exatos da filosofia medieval, de modo geral, considera-se que tenha sido a filosofia praticada entre o desmoronamento do Império Romano, que aconteceu no século V, e o Renascimento, no século XVI.

significado de filosofia medieval

Um dos elementos definidores da filosofia medieval foi o processo que se deu nela de recuperação da tradição filosófica que havia sido legada pelas culturas grega e romana da Antiguidade Clássica.

A filosofia na Idade Média, período marcado por uma poderosa influência da Igreja Católica, abordou muitas questões relativas à fé. Como exemplos dos problemas que preocupavam o pensamento medieval, podemos mencionar a relação mantida pela fé e a razão, a existência e a influência de Deus e os propósitos da teologia e da metafísica.

Muitos dos filósofos do período medieval eram membros do clero. De modo geral, não aplicavam a si mesmos a denominação “filósofo”, pois o termo ainda estava bastante associado aos pensadores pagãos da Antiguidade Clássica. São Tomás de Aquino, por exemplo, era um frade dominicano e afirmou que os filósofos nunca alcançaram a verdadeira sabedoria, que pode ser encontrada na revelação cristã.

Essa rejeição da associação com os filósofos pagãos não impedia, contudo, que os pensadores medievais usassem ideias e técnicas desenvolvidas pelos filósofos da Antiguidade Clássica para refletir sobre o mundo e sobre a fé. A filosofia medieval procurou aliar a razão científica e a fé cristã.

Escolas da filosofia medieval

A filosofia medieval dedicou especial atenção às questões levantadas pela fé cristã. Por exemplo, questões relativas a Deus e sua influência no mundo. Entre as principais correntes da filosofia medieval, estavam teologia, metafísica e filosofia da mente.

Teologia

A teologia medieval tratava de questões como explicar o porquê de Deus, bondoso e onipotente, permitir a existência do mal. Além disso, a teologia medieval também abordava assuntos como a imortalidade, o livre arbítrio e os atributos divinos, onipotência, onisciência e onipresença.

Metafísica

A metafísica medieval era a vertente da filosofia medieval que partia dos preceitos do catolicismo para tentar explicar a realidade. A metafísica do filósofo grego da Antiguidade Aristóteles exerceu uma grande influência sobre a metafísica medieval.


Como exemplos dos assuntos de que a metafísica medieval tratava, podem ser citados os seguintes:

Hilemorfismo: teoria que Aristóteles concebeu e que filósofos medievais desenvolveram. Segundo essa teoria, todos os seres corpóreos são compostos por matéria e forma.

Individuação: processo pelo qual se distinguem objetos que pertencem a um grupo. No período medieval, foi aplicado, por exemplo, na classificação dos anjos, estabelecendo classificação deles.

Causalidade: a casualidade é o estudo da relação que existe entre causas, eventos que produzem outros, e consequências, eventos que são produzidos pelas causas.

Filosofia da mente

A filosofia da mente trata de fenômenos de caráter psicológico, entre os quais a consciência. A filosofia medieval, por exemplo, preocupava-se especialmente com a influência de Deus sobre a mente humana.

Um exemplo da produção filosófica medieval relativa à filosofia da mente é a Teoria da Iluminação Divina, que Santo Agostinho desenvolveu. Segundo essa teoria desenvolvida por São Tomás de Aquino, para poder perceber a realidade, a mente humana depende da ajuda de Deus. Uma comparação pode ser feita com a visão humana, que depende da luz para perceber os objetos. Essa teoria é diferente de argumentar, por exemplo, que Deus fez as mentes humanas de modo que seu funcionamento fosse confiável e que elas pudessem perceber a realidade adequadamente por si mesmas independentemente da ação divina.

Principais filósofos medievais

É interessante, para quem quer saber o que é filosofia medieval, conhecer os principais filósofos dessa época. Entre eles, podem ser mencionados Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, João Duns Escoto e Guilherme de Ockham.

Santo Agostinho

Embora Santo Agostinho tenha vivido em uma época um pouco anterior à queda do Império Romano (apesar da decadência em que ele já se encontrava), sua obra costuma ser considerada uma das primeiras da filosofia medieval.

Como mencionado acima, ele desenvolveu a Teoria da Iluminação Divina, que afirma ser necessária a intervenção de Deus para que a mente humana possa entender a realidade.

Santo Agostinho também fez contribuições à ética, como, por exemplo, sua doutrina da guerra justa, que é estudada por teólogos, militares e especialistas em ética. A doutrina da guerra justa concebida por Santo Agostinho estabelece critérios que uma guerra precisa satisfazer para que possa ser considerada uma guerra moralmente justificável. Santo Agostinho também fez influentes contribuições ao pensamento teológico com sua visão de temas como salvação e livre arbítrio

São Tomás de Aquino

Entre as realizações de São Tomás de Aquino, podemos citar a conjugação da filosofia de Aristóteles com os preceitos da Igreja Católica. O legado do pensamento de São Tomás de Aquino deu origem à tradição filosófica conhecida como Tomismo.

João Duns Escoto

João Duns Escoto elaborou a Teoria da Univocidade do Ser, que negava a diferença entre essência e existência, distinção essa apresentada por São Tomás de Aquino. Segundo a teoria de Escoto, não é possível que se conceba algo sem que se conceba também sua existência. João Duns Escoto foi beatificado no ano de 1993.

Guilherme de Ockham

Guilherme de Ockham foi um dos primeiros filósofos do nominalismo. Ele rejeitou a ideia de existência de universais, essências ou formas. Guilherme de Ockham argumentou que apenas objetos individuais existem e que os chamados universais são fruto da abstração humana aplicada aos objetos individuais.

Contexto histórico

Consideremos agora o contexto histórico em que se desenvolveu a filosofia medieval. O Período Medieval, também chamado de Idade Média, começou com queda do Império Romano. Nesse período, a Igreja Católica exerceu poderosa influência sobre a cultura e sobre a política. Essa influência era tão dominante que os ideais da Igreja Católicos eram considerados como ideais que deveriam ser compartilhados por toda sociedade e defendidos pelo Estado. Aqueles que discordavam da doutrina católica podiam ser alvos de repressão, que podia incluir tortura e até morte.

Além disso, no período da Idade Média a Igreja Católica pôde acumular grandes riquezas. Além de todos os outros meios que sua influência lhe facultava para adquirir riquezas, ela também lançou mão de um recurso chamado simonia. A prática da simonia consistia na venda de bençãos, sacramentos, cargos eclesiásticos, relíquias tidas por sagradas, etc.

Foi nessa época de domínio da Igreja Católica sobre a cultura e sobre o pensamento europeus que se desenvolveu a filosofia medieval, o que a limitou àquilo que era compatível com as doutrinas católicas.

Embora fosse mais tarde vista com certo desprezo pelos humanistas do Renascimento, para os quais a Idade Média havia sido apenas um período entre a Antiguidade Clássica e o Renascimento, o tempo deles, em que a cultura da Antiguidade Clássica renascera. O consenso moderno dos historiadores, no entanto, vê a Idade Média como um período de desenvolvimento filosófico, o qual foi fortemente influenciado pelo cristianismo.

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