Características do Comunismo

O Comunismo é uma linha ideológica que identifica na propriedade privada dos meios de produção e na divisão da sociedade em classes sociais as origens das condições de privação e opressão em quem vive em largas seções das sociedades sob o sistema capitalista. Ele defende a criação de uma sociedade igualitária que extinguiria a propriedade privada para que todos tivessem os mesmos direitos.

significado de comunismo

As ideias comunistas inspiraram muitas pessoas e movimentos, mas também encontraram forte resistências. Intelectuais, políticos e pessoas de todos os tipos vêm debatendo os pontos positivos e negativos do comunismo. Mais recentemente, tem havido debates sobre se, após a queda dos regimes comunistas do leste europeu e das reformas econômicas liberalizantes em países como China e Vietnã, é possível dizer que as coisas boas do comunismo podem servir como base para uma sociedade mais justa.

Quais são, no caso do comunismo, as características mais importantes? Para que entendamos melhor o que é comunismo, faremos um resumo de suas ideias. Entre as principais características do comunismo, podemos citar as seguintes:

1. O regime comunista era contra a propriedade privada

Uma das principais características do comunismo e dos regimes inspirados nele é a oposição à propriedade privada. Um dos principais pontos do ideário comunista é a ideia de que a propriedade privada dos meios de produção engendra desigualdade e opressão. Os meios de produção são os instrumentos, ferramentas equipamentos etc. que os trabalhadores usam na produção, bem como os materiais (terra, matérias-primas etc. sobre os quais eles atuam).

Agindo coerentemente com sua análise, os comunistas são a favor da propriedade comum dos meios de produção, abolindo-se a propriedade privada deles como um passo na direção da redução das desigualdades sociais e da abolição das classes sociais.

Os regimes que subiram ao poder inspirados nas ideias de Marx (muitas vezes reinterpretadas por líderes como Lenin, Mao, Tito e outros) em países como o Império Russo (que daria origem à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que foi extinta em 1991), a China, a Iugoslávia, Cuba, Vietnã entre outros estatizaram os meios de produção, colocando-os sob controle do Estado, supostamente colocado a serviço dos trabalhadores liderados pela vanguarda comunista. A bandeira chinesa e a bandeira vietnamita, por exemplo, ainda hoje mostram clara influência do ideal socialista com a cor vermelha, historicamente ligada ao socialismo.

O surgimento de regimes comunistas, ou seja, que se baseavam no pensamento comunista, levou a uma oposição entre esses países, liderados pela União Soviética, e os países capitalistas, liderados pelos Estados Unidos. O período marcado por competição e hostilidade entre o bloco liderado pelos Estados Unidos e o bloco liderado pela União Soviética, após a Segunda Guerra Mundial, recebeu o nome de Guerra Fria.

Entre os acontecimentos marcantes da Guerra Fria, podem ser citados a construção do Muro de Berlim e a Crise dos Mísseis de Cuba.


Após sua derrota na Segunda Guerra Mundial, a Alemanha ficou sob ocupação dos Aliados, que venceram a guerra. Parte do país, que depois se tornou a República Federal da Alemanha, também chamada de Alemanha Ocidental, ficou sob ocupação ocidental. A outra parte, que depois se tornou a República Democrática Alemã, também chamada de Alemanha Oriental, ficou sob ocupação da União Soviética.

No lado que ficou sob ocupação ocidental, manteve-se o sistema capitalista. No lado que ficou sob ocupação soviética, implantou-se um regime socialista. A capital do Reich nazista, Berlim, embora localizada na parte ocupada pelos soviéticos, também foi dividida entre os Aliados. Uma parte da cidade passou a pertencer à Alemanha Ocidental, parte do bloco liderado pelos Estados Unidos, e a outra parte passou a pertencer à Alemanha Oriental, parte do bloco liderado pela União Soviética.

Em 1961, o regime alemão-oriental construiu um muro entre as duas partes da cidade, com o objetivo de conter o êxodo de pessoas, especialmente trabalhadores qualificados, do lado socialista para o lado capitalista de Berlim. A decisão causou tensão entre os dois blocos de países.

Em 1959, o governo do ditador Fulgêncio Batista em Cuba foi derrubado por uma revolução liderada por Fidel Castro. Embora ele não se identificasse abertamente como socialista no começo, seu governo foi se aproximando da União Soviética e tomou medidas que desagradaram o governo americano. Em 1961, os Estados Unidos apoiaram uma tentativa de exilados cubanos de derrubar o regime de Fidel Castro. A chamada Invasão da Baía dos Porcos fracassou.

Com receio de que os Estados Unidos tentassem invadir o país latino-americano tentando reestabelecer o equilíbrio de forças depois da instalação de mísseis nucleares americanos na Itália e na Turquia, a União Soviética decidiu instalar mísseis nucleares em Cuba, onde eles estariam a minutos do território americano. A manobra soviético-cubana foi descoberta pelos americanos, que impuseram um bloqueio naval a Cuba.

É frequentemente afirmado que nunca o mundo esteve tão perto de uma guerra nuclear quanto durante o impasse sobre os mísseis sendo instalados em Cuba. Por fim, chegou-se a um acordo que permitiu a retirada dos mísseis de Cuba em troca da retirada dos mísseis americanos instalados na Turquia e na Itália

2. O comunismo não apoiava a existência de diferentes classes

sociais

A doutrina comunista opõe-se à existência de classes sociais e à desigualdade social dela decorrente. Segundo os comunistas, todas as pessoas deveriam ter os mesmos direitos

Marx, em sua obra Crítica ao Programa de Gotha, popularizou a seguinte frase: De cada qual segundo sua capacidade; a cada qual segundo suas necessidades. Segundo Marx, no comunismo, etapa que seria atingida depois do socialismo, as pessoas contribuiriam para a sociedade de acordo com seus talentos e teriam suas necessidades satisfeitas pela sociedade.

3. A doutrina comunista visava o fim do capitalismo

Entre os princípios do comunismo está a ideia de que, sob o capitalismo, é inevitável a exploração do homem pelo homem, produzindo grande desigualdade e opressão.

Sob capitalismo, explicam os comunistas, o proletário precisa vender sua força de trabalho. Segundo a doutrina comunista, os donos dos meios de produção, os burgueses, apropriam-se da maior parte da riqueza produzida pelos proletários. Além disso, as classes mais altas da pirâmide econômica têm uma grande capacidade de influenciar a atuação do Estado capitalista, que é visto pelos comunistas como um instrumento de dominação burguesa.

A solução para os defensores do marxismo é uma revolução que se apodere do Estado e coloque-o a serviço dos trabalhadores, instituindo a Ditadura do Proletariado.

4. O comunismo estava subordinado ao socialismo

Marx previu que, depois de ter passado por vários modos de organização social e econômica (escravismo, feudalismo, capitalismo, socialismo, etc.), a humanidade chegaria ao comunismo, um sistema igualitário sem estado, com uma sociedade sem classes sociais e com uma economia baseada na propriedade comum dos meios de produção e no livre acesso aos bens produzidos.

Para que fosse possível à sociedade alcançar o estágio do comunismo, seria, segundo Marx, necessário passar por uma etapa intermediária, o socialismo, que aboliria a propriedade privada dos meios de produção. Como o Estado, segundo os marxistas, é sempre o instrumento dos interesses da classe dominante contra os interesses das demais classes, a abolição das classes sociais possibilitaria que, sob o comunismo, o Estado fosse abolido.

Karl Marx

Apresentado o resumo do comunismo, podemos falar daquele que é, provavelmente, o principal pensador socialista.

O alemão Karl Marx (1818-1883) teorizou sobre a sucessão dos sistemas econômicos, sobre a natureza do sistema capitalista sobre os meios para emancipar o proletariado do controle da Burguesia.

Marx escreveu várias obras nas quais defendeu suas ideias, entre as quais podemos citar O Manifesto Comunista, Contribuição para a Crítica da Economia Política, Crítica ao Programa de Gotha e O Capital. Nesta última obra, cujos livros, com exceção do primeiro, foram publicados postumamente, Marx pretendeu explicar as bases e o funcionamento do sistema capitalista, bem como as contradições internas que, segundo ele, levariam à sua derrocada e substituição pelo socialismo.

Friedrich Engels

Colaborador de Marx, o também alemão Friedrich Engels (1820-1895) escreveu obras como A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra e A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. Ele também foi o coautor junto com Marx do Manifesto Comunista e editou o segundo e o terceiro livros de O Capital, que foram publicados após a morte de Marx.

Além de suas contribuições intelectuais ao socialismo, Engels, membro de uma família dona de fábricas pertencentes ao setor têxtil, ajudou financeiramente Marx, o que permitiu a este pesquisar e escrever O Capital.

Outros líderes e ativistas comunistas famosos

Além de Marx e Engels, podem ser citados, entre outros, como líderes comunistas famosos os seguintes:

  • Vladimir Lenin, líder da Revolução Russa e teórico marxista;
  • Leon Trotsky, outro importante teórico marxista que participou da Revolução Russa, além de ter liderado o Exército Vermelho, que defendeu o jovem estado socialista na Guerra Civil Russa;
  • Joseph Stalin, sucessor de Lenin como líder soviético, defendia que a União Soviética, frustrada pelo fracasso das tentativas de revolução em outros países europeus, deveria construir o socialismo em um só país, aproveitando os recursos materiais e humanos disponíveis;
  • Mao Zedong, líder da Revolução Chinesa, a qual implantou o socialismo na China, enfatizou o papel revolucionário dos camponeses;
  • Fidel Castro, líder da revolução que derrubou o ditador Fulgêncio Batista e rompeu a dependência política e econômica de Cuba em relação aos Estados Unidos;
  • Ho Chi-Minh, líder dos socialistas vietnamitas, que tomaram o poder no Vietnã do Norte depois da derrota dos colonizadores franceses e conseguiram, após a Guerra do Vietnã, unificar o país sob um regime socialista.

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